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Requiem para um Sonho

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Um pouco sobre a edição

Uma história comovente sobre o peso esmagador da esperança e a destruição causada pelos vícios

Celebrado por escritores como William Burroughs e Allen Ginsberg, Hubert Selby Jr. retratou como ninguém as trevas mais profundas e a decadência do Sonho Americano. Inspirando-se em sua própria vivência, este americano do Brooklyn jogou luz nos personagens à margem da sociedade americana na segunda metade do século XX, e apresentou aos leitores aquilo que muitos fingiam não ver. Moradores de rua, viciados em drogas, prostitutas, cafetões, homossexuais, mulheres trans, criminosos marginalizados e o proletariado em geral sempre foram as vozes os protagonistas de seus romances e contos.

Réquiem para um Sonho, uma de suas obras mais aclamadas ― adaptada para o cinema por Darren Aronofsky em 2000, seu segundo longa-metragem, e considerada uma das suas obras mais potentes ―, aborda a devastação causada pelo vício em drogas, sejam elas legais ou ilegais, e prenuncia de maneira trágica a nova epidemia que atravessa a América novamente no século XXI, com os opioides.

No enredo, Sara Goldfarb (interpretada no filme magistralmente por Ellen Burstyn) é uma viúva solitária, que sente a ausência de Harry (com Jared Leto em seu primeiro grande papel), seu filho único, e encontra companhia nos programas de auditório na televisão, do qual sonha em participar. Quando recebe uma ligação com um convite, decide emagrecer para um dia aparecer voluptuosa na TV e o médico lhe receita comprimidos para dieta. Seu filho Harry, por outro lado, um vagabundo clássico do Brooklyn do final dos anos 1970, começa a consumir heroína e, para sustentar o que nega ser um vício, decide vender a droga, junto com seu amigo Tyrone (vivido no filme por Marlon Wayans) e a namorada Marion (interpretada por Jennifer Connelly). A ilusão do uso recreativo e do enriquecimento rápido, porém, aos poucos vai sendo derrubada pelas consequências cruéis e devastadoras do envolvimento com a droga.

Sem educação formal, Hubert Selby Jr. utilizou a linguagem crua das ruas para retratar o mundo sombrio e violento que conheceu em sua juventude. Buscando mimetizar essa gramática particular e peculiar, ele se utiliza de uma dicção própria, em que as falas e os diálogos se misturam ao fluxo da narrativa para conseguir um registro muito próximo da oralidade de seus protagonistas, algo que levou a comparações com a prosa espontânea do aclamado beatnik Jack Kerouac. Entre os entusiastas de suas obras, encontramos outros beatniks como Ginsberg e Burroughs, este considerado também seu precursor literário. Além disso, Selby influenciou muitos escritores como Anthony Burgess (autor de Laranja Mecânica), Richard Price (Vida Vadia) e Irvine Welsh (Trainspotting), e artistas como David Bowie, Lou Reed e Henry Rollins.

Selby inspirou-se em sua experiência pessoal para escrever este livro. Depois de se recuperar de uma tuberculose na adolescência, ele ficou com problemas pulmonares crônicos e viciado em analgésicos. Mais tarde, passou a usar heroína e álcool. Apesar de ter largado o vício anos mais tarde e de ter escrito seus grandes livros sempre sóbrio, a familiaridade do autor com os perigos da dependência confere uma autenticidade sombria e inquietante a Réquiem para um Sonho, um romance altamente inovador, que flerta com temas ainda atuais e remete as séries como Império da Dor (2023) e Prescrição Fatal (2020), além do documentário All the Beauty and the Bloodshed (2022), parceria entre a artista Nan Goldin e Laura Poitras.

Entre planos e sonhos enquanto se afundam nas substâncias e deixam os delírios tomarem o controle de suas vidas, Sara, Harry, Marion e Tyrone vão pagar um preço terrível pelos prazeres a que acreditam usufruir sem maiores consequências. Publicada originalmente em 1978, Réquiem para um Sonho é uma história que se perpetua até os dias de hoje em muitos lares, onde não basta o amor incondicional para salvar uma pessoa dependente química. Um romance brutal, comovente e capaz de dilacerar o coração com o peso esmagador da esperança e da fatal realidade. Uma verdadeira fábula moderna lisérgica sobre a então sombria cidade de Nova York do final dos anos 1970 e seus fantasmas.