Aurora: memórias e delírios de uma mulher da vida
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Um pouco sobre a edição
“A loucura se fez obra em Aurora. Seus quadros resultam da sua luta, com unhas e dentes, para afirmar a vida”
– Joel Birman
Nascida em 1896 em São José dos Campos, Aurora Cursino dos Santos foi prostituta, tentou ser doméstica, viveu em albergues até ser internada no Complexo Psiquiátrico do Juquery, em 1944. Lá, ela criou uma obra pictórica de mais de 200 quadros.
Frequentadora da Escola Livre de Artes Plásticas do Juquery, criada na instituição pelo psiquiatra Osório César – que, ao lado de Nise da Silveira, foi um dos principais autores de estudos sobre arte e saúde mental no Brasil – Aurora pintou sua história. A partir de 1950, teve seus quadros em exposições sobre arte e loucura em Paris, no Masp, no MAM/SP, na Bienal de Arte Contemporânea de Berlim e na exposição O raio que o parta, em cartaz no SESC 24 de Maio. No mesmo período que desenvolveu seu trabalho artístico, foi submetida a eletrochoques e, finalmente, lobotomizada. Morreu em 1959.
Família, sexo, drogas, revolta contra a violência e a opressão sofridas pelas mulheres são alguns de seus temas. Seus quadros gritam. A historiadora Silvana Jeha e o psicanalista Joel Birman a ouviram, e o resultado é esse livro que traz dezenas de suas pinturas, um esforço para que ela seja incluída na história da arte brasileira, não apenas como uma narrativa paralela.